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Gênero e imaginário entre os wari: etnografia e teste arquétipo de nove elementos (AT-09) *

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Arneide Bandeira Cemin[1]


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Primeiras Notas






CONSELHO EDITORIAL
Arneide Cemin
Ednaldo Bezerra Freitas
Valdir Aparecido de Souza

  


Resumo

Os Wari ou Pakaas Nova, falantes da língua txapakura, habitam o Vale do Guaporé em Rondônia e constituem um dos povos indígenas mais numerosos do Estado. São conhecidos pelo canibalismo funerário e guerreiro (praticado até a década de 1970) e por sua cosmologia que compreende que certos animais, por possuírem espírito, são humanos. O contato recorrente com a sociedade nacional vem provocando mudanças nas relações e na sociabilidade Wari. Usamos o Teste Arquétipo de Nove Elementos, AT-09 como complementar a etnografia (ainda inicial), realizada com a técnica de entrevista do tipo Grupo Focal. A proposta deste artigo é apresentar o resultado da etnografia, do pré-teste, e dos testes AT-09 realizados por duas jovens mulheres Wari.

Palavras-chave

Gênero; Violência; Wari; Etnografia; At 09.

Introdução

Oro Wari ou Pakaas Nova

Os Wari', significando gente na língua Txapakura, ocupavam, no final do século XIX, o sudoeste da Amazônia: a Bacia do Rio Lage, afluente da margem direita do Mamoré, as bacias do Rio Ouro Preto, Igarapé da Gruta, Igarapé Santo André e Rio Negro, afluentes do baixo e médio curso da margem direita do Rio Pacaás Novos, além das cabeceiras dos Rios Ribeirão e Formoso. Por volta dessa época houve uma migração de parte da população para os Rios Dois Irmãos e Novo, afluentes da margem esquerda do Pacaás Novos (ISA, 2006).

Com a invasão de seringueiros a partir das primeiras décadas do século XX, os Wari' foram se deslocando para as cabeceiras dos rios, locais de mais difícil acesso. Na década de 50, a região ocupada estendia-se, no sentido leste-oeste, da serra dos Pacaás Novos até o Rio Mamoré, no sentido norte-sul, dos rios Ribeirão e Mutum-Paraná até o médio Rio Pacaás Novos e o Rio Novo (CONKLIN, 2001). Os Wari´ constituem a população indígena mais numerosa do estado Rondônia, totalizando em 2007 cerca de 4.150 indivíduos (FUNASA, 2007). Encontram-se distribuídos em oito Postos Indígenas (PI), localizados em quatro Terras Indígenas administradas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), todas no Estado de Rondônia, além de uma colônia agrícola (Sagarana), mantida pela diocese de Guajará-Mirim. Sua população é de 2.270 pessoas. Este povo começou a ser exterminado na década de 40 pelas frentes de expansão dos seringais. A chamada pacificação ocorreu entre 1956 1969 por missionários evangélicos e católicos, pertencentes a Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB) e pela Prelazia de Guajará Mirim, respectivamente (Panewa, 2002); e por agentes do Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Reduzidos, devido às epidemias, a menos da metade da população original, os Wari' passaram, em poucos anos, a viver em torno dos postos do SPI (ISA, 2006).

Atualmente encontram-se divididos em oito subgrupos: Oro Mon, Oro Waram, Oro Waram Xijeim, Cã Oro Waje, Oro Não, Oro At, Oro Eo e Oro Jowin. Além da convivência no mesmo espaço, com outras etnias (Jabuti, Makurap, Canoé, entre outros) em decorrência de políticas de aldeamento realizadas pela Funai; ocorrendo por  conseqüência, casamentos exogâmicos (interétnicos) . Encontram-se distribuídos em cerca de 20 aldeias, localizadas em cinco terras indígenas. Antes do contato eram organizados com base em família patrilocal extensa e livre (PANEWA, 2002). O chefe da família tornava-se líder apenas de modo episódico, por ocasião de guerras e de visitas a outros subgrupos: “cada chefe de família guardou até hoje essa autonomia por isso nem sempre ele respeita as decisões do cacique, liderança essa que muitas vezes foi criada pela FUNAI e hoje é escolhido pelo povo” (PANEWA, 2002:53).

As aldeias com cerca de 20 a 30 pessoas eram compostas por 2 a 8 casas, incluindo a casa dos homens solteiros. As casas eram feitas de palha contendo cama de paxiúba coberta por esteiras. Apesar de a pajelança ter sido desautorizada e mesmo proibida pelos missionários, algumas aldeias ainda contam com pajé, sendo que “a pajelança é forte em algumas aldeias, como no Rio Negro Ocaia onde mora o pajé Oro Wam Oro At, com mais de 80 anos de idade” (PANEWA, 2002:52; VILLAÇA, 1992, 2000, 2006).

A confecção de armas e utensílios encontra-se dividida entre homens e mulheres. Os homens fazem arcos e flechas e as mulheres esteiras, cestos, abanos e potes de barro. O fabrico de panelas parece ter sido abandonado. Ao mesmo tempo em que as mulheres atualmente aprenderam a fazer brincos e colares para a venda (PANEWA, 2000).

Quanto a educação, todas as aldeias contam com ensino de Primeiro Grau e cerca de 45 Wari, entre homens e mulheres, formaram-se pelo Projeto Açaí, em grau de magistério. Entre 1986 e 1989, 30 Wari (homens e mulheres) obtiveram formação como Agentes Indígenas de Saúde, em curso promovido pelo CIMI. São acometidos pela malária, tuberculose (causa principal de mortalidade infantil), hepatite, verminoses, leishmaniose, e mesmo doenças como hipertensão e câncer (PANEWA, 2000).

A economia Wari tem por base a roça com produtos tradicionais: milho mole e batata-doce, e milho duro, arroz, feijão e banana e mandioca brava. Esta última é utilizada para a fabricação de farinha destinada ao consumo e a venda. A produção de farinha gira em torno de 200 toneladas/ano, fazendo deles abastecedores do mercado de Guajará Mirim. Além disso, praticam a pesca e vendem o excedente, sempre em pequena escala. Outro produto destinado à venda é a castanha. Sua coleta ocorre nos meses de janeiro e fevereiro. Os projetos financiados pelo PLANAFLORO relativos ao plantio de café e pupunha não deram resultado e a pesca predatória com fim comercial é praticada em larga escala de forma ilegal por não índios nas Baías das Terras Indígenas Pakaas Novas; ocorrendo o mesmo com a madeira (PANEWA, 2000).

Material e Método

Utilizamos o método etnográfico, com as técnicas de Grupo Focal e AT9. Este último é um teste projetivo, criado pelo psicólogo Yves Durand (1998), a partir da obra de Gilbert Durand (1997). Pauta-se em abordagem e orientação antropológicas, e visa estudar as representações, os sentidos e as configurações simbólicas resultantes da contínua interação entre o homem e o seu meio. Identificando o tipo de estrutura do imaginário com a qual o indivíduo (isolado ou em grupo), expressa seus estímulos ansiógenos, suas defesas, e o uso que faz dos elementos auxiliares propostos pelo teste. É composto por nove arquétipos que servem de estímulos à imaginação:

·  Um estímulo central: o personagem, no qual deve ocorrer a projeção do autor no desenho;

· Dois estímulos ansiógenos: a queda e o monstro devorante, que são a expressão da angústia existencial do sujeito;

·   Três estímulos de resolução da ansiedade: espada, refúgio e elemento cíclico;

·   Três estímulos complementares: água, animal e fogo, que servem para auxiliar os demais arquétipos.

Os arquétipos funcionam como estímulos para que o indivíduo elabore um micro - universo mítico obtido a partir de uma dupla construção: um desenho e uma narrativa. O desenho fornece as imagens e a narrativa nos dá o sentido e a articulação da composição desenhada. Ambos são complementados por um quadro de análise, no qual se registra o modo como cada arquétipo foi representado, o papel que ele cumpre no desenho e na história, bem como, aquilo que ele simboliza. A estas informações são acrescidos dados obtidos através de um questionário que permite esclarecer outros aspectos que motivaram o desenho e a história do mesmo.

O micro universo é passível de ser classificado nos Regimes Diurno e Noturno de imagens, e nas estruturas heróica, mística, sintética e ainda, pode ser inclassificável. Neste último caso, apresenta-se desestruturado, ou seja, os elementos encontram-se sem ligação, distribuídos aleatoriamente. (CEMIN e SOUZA, 2005; CEMIN ET ALII, 2001; ROCHA-PITTA:2006 e s/d). O pressuposto é o de que as imagens formam sínteses e complementaridades, em decorrência das propriedades de “condensação” e de “deslocamento” dos símbolos, conforme a indicação de Freud em “A interpretação dos sonhos”.

O específico da técnica de Grupo Focal (GF), de acordo com os autores consultados, é a sinergia: a dinâmica de interação grupal e a diversidade de opiniões; no entanto, assuntos íntimos podem ficar prejudicados. Os fatores a serem considerados na dinâmica grupal são interação, pressão, competição, influência, assunto controverso ou íntimo (CARLINI E COTRIM, B.1996; DIAS, 2006; HASSEN, 2002; IERVOLINO, S. A, PELICIONI, M. C. F., 2001). Em decorrência desses fatores, ficou decidido que além da entrevista em grupo, faríamos também entrevista individual.

O número e a composição dos grupos focais foram ajustados às condições do campo. Os critérios para a participação seriam: mulheres e homens jovens e adultos preferencialmente da etnia Wari e que fossem habitantes das Aldeias Ricardo Franco e Rio Negro Ocaia; falantes da língua portuguesa. A técnica de GF recomenda que a mesma aconteça em sala espaçosa, confortável e com privacidade, mobiliada com mesas e cadeiras.

A questão chave seria de caráter geral porque a recomendação dos autores é que o tema seja apresentado de forma ampla. Após a apresentação da equipe e dos participantes e da assinatura do Termo de Consentimento, a mediadora disse que o objetivo daquele encontro seria entender mais sobre o casamento Wari, para compreender o que está bem e o que não está bem no casamento entre eles, hoje em dia.       Para a obtenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi explicitado o direito dos participantes ao sigilo sobre sua identidade e garantida sua livre expressão. Quanto à recompensa pela participação, ficou definido que na haveria qualquer tipo de pagamento, apenas seria ofertado lanche ou pequenas guloseimas: bom-bons, por exemplo, com vistas a atenuar o cansaço.

A pesquisa teve caráter exploratório por tratar-se de fenômeno que só agora ganha visibilidade. Trata-se de violência nas relações de gênero intraétnicas. O estudo foi motivado por solicitação da Funai de Guajará Mirim, de laudo pericial antropológico sobre estupro ocorrido em uma aldeia Wari, naquele município. E ainda por assassinato em outra aldeia da mesma etnia, na qual a mulher matou o marido.

Na impossibilidade de visita as aldeias a pesquisa foi projetada para a Casai (Centro de Saúde Indígena) de Porto Velho e de Guajará Mirim. A primeira como base para o teste dos instrumentos de pesquisa e a segunda como campo de aplicação dos referidos instrumentos. O pré-teste foi realizado na Casai de Porto Velho, onde conseguimos reunir 6 pessoas: 4 mulheres e 2 homens. Após a explanação sobre o teste, houve recusa por parte de 2 mulheres que afirmaram não saber desenhar; uma outra foi recusada por não ter experiência matrimonial, em decorrência de sua idade, 11 anos. Deste modo, o teste foi realizado com 3 participantes: 2 homens, sendo um agente de saúde indígena e professor em grau de magistério, formado pelo Projeto Açaí e outro agente de saúde indígena, e uma mulher. O tempo de duração foi de 1 hora e meia.

Consideramos positivo o resultado do teste. Um dos participantes, respondente do teste, (com formação em magistério) entendeu que o mesmo seria de muita utilidade como recurso pedagógico e todos se declararam satisfeitos com a realização do mesmo, embora reconhecendo que ele exige concentração e esforço intelectual. Indicaram ainda, que o conhecimento da língua portuguesa por parte dos pesquisados seria condição imprescindível para inclusão na realização do AT9 e na pesquisa como um todo. As dificuldades de compreensão de termos tais como “monstro devorante”, “refúgio” e “elemento cíclico” apresentarem-se similares as que foram registradas com a população urbana na pesquisa sobre violência e gênero já referida. Os participantes do pré-teste opinaram que as mulheres indígenas poderiam ter mais dificuldades porque “têm medo de errar”.

O limite em relação ao ambiente também ficou evidente em decorrência da falta de espaço com privacidade para abordagem de assuntos íntimos, mostrando ainda, que o preenchimento dos questionários relativos ao AT9 era prejudicado pelo fato de que a opinião de um determinava por imitação a opinião dos demais. A falta de espaço privativo impossibilitou também que se testasse, naquela ocasião, a técnica de Grupo Focal que foi utilizada na pesquisa de campo.

A pesquisa de campo foi realizada no município de Guajará-Mirim, na Casa de Saúde do Índio, CASAI, localizada em terreno urbano de 100 X 100, no qual se distribuem os blocos de enfermaria, consultório, administração e cozinha; e 3 chapéus-de-palha (construção coberta de palha e destituída de paredes) contendo mesa e bancos fixos ao solo. Havendo ainda, mais quatro mesas e bancos fixados ao solo, localizados embaixo de árvores. A administração colocou o consultório médico a nossa disposição, porém o mesmo mostrou-se pequeno para a nossa finalidade. Além do quê, percebemos que nossos pesquisados ficariam mais a vontade em espaço aberto e menos “oficial”, o que nos fez optar pelo uso do chapéu de palha ou das mesas distribuídas pelo terreno.

Iniciamos a pesquisa pedindo a uma Agente de Saúde Indígena que nos ajudasse no convite para a participação na pesquisa. Entretanto, dado o fato de que ela estava apresenta desânimo por estar doente, assumimos essa tarefa. Percorremos as enfermarias falando do objetivo da pesquisa e pedindo colaboração. Os índios e as índias mostravam-se preocupados com os seus problemas de saúde ou de pessoas de suas famílias (em geral crianças com até 10 anos de idade), quando na condição de acompanhantes. Conseguimos a colaboração de apenas duas mulheres da Aldeia Ricardo Franco.

Reunimos as duas mulheres: Jaci Canoé (cujo filho permaneceu em seu colo durante todo o tempo da entrevista) e Iara Jabuti, grávida de 9 meses para explicar os objetivos da pesquisa e ler com elas o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O termo foi assinado pelas duas. Iniciamos a entrevista pedindo a elas que falassem sobre o casamento em suas aldeias abordando também as dificuldades de hoje. Ao finalizar a entrevista consideramos que elas não mostravam sinais de cansaço e solicitamos que realizassem o AT9. Foi esclarecido que tratava-se de um exercício de imaginação, não havendo portanto, certo ou errado e não requerendo habilidades de desenho. As duas concordaram e realizaram o exercício de forma atenta. Foi testada a compreensão que elas teriam sobre classe social (por fazer parte do protocolo do teste), perguntando se sabiam do que se tratava. Classificaram a si mesmas como classe “nem alta nem baixa, porque tinha estudo”. Durante a entrevista foi oferecido bom-bom de chocolate às entrevistadas e à criança. A caixa de bom-bons foi disponibilizada para que elas se servissem.

Resultados:

Grupo Focal

Jaci Canoé “Hoje nem todos os casais se dão bem, brigam e às vezes se separam. Tem gente de família que se separa por safadeza e deixam os filhos jogados. Meu pai e minha mãe brigam e não se separam. Para namorar, tem jovens que pede dos pais e às vezes o pai libera ou o rapaz leva a menina na marra, sem a permissão do pai.”

Iara Jabuti: “Meu pai e minha mãe se separaram porque o meu pai se envolveu com uma mulher branca, civilizada”.

Jaci “Quando o homem sai para beber às vezes a mulher não vai, o homem vai e bebe chicha (bebida indígena com baixo teor alcoólico) e bebe álcool (às vezes mistura álcool e chicha), chega a casa e bate na mulher, ela corre para os vizinhos e os parentes vão atrás do marido e faz uma confusão bem grande. Juntam o pai, a mãe, os irmãos; às vezes o filho fica contra o pai porque ele bateu na mãe. Às vezes chega até a ferir a mulher. Quando os comerciantes levam bebida ou eles compram escondido em Surpresa. Quando o homem tira pra beber não quer saber de casa e os filhos ficam chorando com fome”.

Iara “Às vezes a mulher é ruim para o marido, viaja para Guajará Mirim e deixa os filhos jogados”.

[As duas acham que] “o casamento antigo era melhor, porque hoje a gente não sabe se o homem é bom ou não e antes eram os pais que escolhiam gente que eles conheciam bem”.

Jaci “Eu nunca casei porque o pai dos meus filhos (um menino de 3 anos e uma menina de 1 e meio) sempre vivia me enganando e ele acabou que casou com outra mulher que já tem dois filhos (fala ressentida). Quando começamos a namorar eu tinha 14 anos e ele 16 e engravidei aos 16 anos. Eu moro com os meus pais e planto arroz, batata, cará; a gente faz farinha e a gente vai levando porque o pai deles não ajuda em nada. Tenho dificuldade para sustentar eles e é difícil arranjar marido, a maioria é rapaz jovem. Quero casar com índio ou branco, desde que assuma meus filhos porque eu não teria problema para sair da aldeia. O pai deles mora em outra aldeia, não liga para as crianças e diz que não é filho dele por causa da mulher dele que diz isso, e os pais dele também não agradam as crianças”.

Iara: tenho 15 anos, comecei o namoro aos 12. Ele tem 17 anos e nós moramos com o meu pai.

[As duas entrevistadas relatam que na aldeia tem muita briga e até morte. Citam o caso da mulher que matou o marido porque o homem batia muito nela e estavam separados e ela começava a se envolver com outro homem. Acreditam que quando o homem está certo ele tem o direito de bater na mulher. Dizem também que as pessoas socorrem, mas se eles vão e voltam às pessoas deixam para não se meterem em confusão].

Jaci “O marido não deve bater ao ponto de deixar a mulher no chão. Meu pai saia para beber e chegava em casa e batia na minha mãe, chegou a fazer um corte na cabeça dela por causa de bebida. Isso quando eu era pequena, agora ele não bate mais, porque está parando de beber faz um ano e agora ele bebe mais chicha.”

Jaci “Entre 2000 e 2004 tinha muita briga. Era só ter uma chichada com álcool e tinha briga. Só com a chicha é mais difícil ter briga. O motivo é ciúme e falta de comida em casa. Ele não deixa nada em casa e quando chega bêbado quer comer”

Iara “O homem bate na mulher também quando ela falha no trabalho e nesse caso ela acha que ele tem razão. Os mais jovens também começam a brigar por causa de bebida e a briga envolve várias famílias. Às vezes a briga é entre irmãos ou entre casais de namorados. Até as meninas adolescentes começam a beber álcool e brigam entre elas pelos rapazes (disputa). Às vezes ele tira a menina da festa embaixo da peia, isso quando o namoro é sério”.

Retomam o assunto das duas mortes ocorridas na aldeia. Explicam que no caso da segunda morte o casal estava bebendo, estavam separados e ela estava se envolvendo com o primo dele de quem ela teve um filho. Ele com ciúme foi bater nela e ela furou ele. Iara diz que ele era tio dela (Iara).

“A outra morte, o casal também estava bebendo junto em um sítio e quando voltavam para a ladeia o marido que já vinha batendo na mulher no caminho, continuou a bater nela na casa de sua mãe (dela) onde eles moravam e o irmão (dela) não gostou e disse que ia furá-lo com a faca e ele bêbado não acreditou e partiu para cima e foi atingido pela facada. Ficou doente e proibido de beber e trabalhar. Um ano depois ele morreu porque continuou bebendo e voltou a trabalhar. O irmão que o atingiu com a facada continua foragido na cidade de Guajará Mirim, só que ninguém sabe onde ele está”.

[Acham que a violência diminuiu um pouco porque a Polícia Federal (PF) fez várias reuniões na aldeia com a comunidade envolvendo os moradores de Sagarana, Baia da Coca, Baia das Onças e a Baia Rica. Os caciques e as lideranças também falaram pela paz e a PF disse que se não parassem eles iam levar os índios para a cidade. Antes das festas os caciques falam para não brigar.]. Ao final, combinamos com Jaci e Iara entrevista individual, que realizamos no dia seguinte, e que segue abaixo:

Iara Jabuti

Entrevista individual

A minha vida foi sempre boa. Não teve momento assim ruim, nem grandes acontecimentos. A adolescência também não foi tão ruim. Não aproveitei muito a minha adolescência, casei muito cedo porque eu engravidei e porque o pai quis assumir e ficar comigo, se ajuntar (parece que as transformações no modo de vida estão fazendo com que os rapazes escapem dos deveres paternos).

Pergunto se usava algum remédio para evitar gravidez e ela diz que “para evitar filho a gente toma sumo de planta, mas a minha avó não quis me dar porque ela disse que só depois de eu ter pelo menos um filho”. Continua dizendo: tenho três irmãos que moram em Guajará Mirim e três que moram na Ricardo Franco. Eu sendo a mais velha. Morei com os meus avós paternos desde os seis meses. Fui criada por eles porque meus pais se separaram, meu pai veio para a cidade e minha mãe ficou na aldeia. O lugar que minha avó fica é um lugar pequeno, chama Baia Rica. Minha avó só tem filhos homens e não tem filha. Dois estão com ela, um tem filho e o outro não.

Eu tinha dez anos quando fui morar com o meu pai e não lembro muito da vida com os meus avós. Lembro que gostava mais do meu tio e que ficava mais com ele. Estranhei quando fui morar com o meu pai. Voltei para os meus avós por um mês e voltei para o meu pai para estudar e nunca mais voltei para ficar muito tempo com os meus avós. Minha avó tem doença muito grave, é câncer. Mandam remédio da cidade e ela toma remédio caseiro. Os médicos queimaram a doença dela e ela melhorou, ela sofre muito de dor de estômago.

Quando eu fazia coisa errada meu pai dava conselhos. Minha avó só fazia medo, mas não batia. O avô também só fazia medo. Não me maltratavam porque o que eles falavam eu obedecia e também os meus primos obedeciam. Aprendi artesanato com a minha avó, fazer marico, cesto preso na testa para carregar coisas e tipóia para carregar crianças, saia de palha para as festas; aprendi a fazer chicha, beiju, pamonha, tapioca, açaí e patoá. Tenho colegas e a maioria de nós é muito apegada uma a outra, crescemos juntas; a gente fazia brinquedo de barro e de palha.

A minha etnia é Jabuti e a dele é Canoé. Eles têm pele clara, meu marido ajuda o meu pai na roça. Não sei se ele vai ficar em Guajará Mirim para terminar o Primeiro Grau. Dizem que em Surpresa vai ter Segundo Grau. Já tem a escola, falta professor. Eu não quero vir para a cidade, não me dou bem com cidade.

Considerando as profissões mais acessíveis aos indígenas que habitam em aldeias, pergunto se ela quer ser professora e ela diz que não, mas que gostaria de ser Agente de Saúde. Aconselho-a que fique atenta para as ofertas de cursos de formação e que converse com os funcionários e funcionárias da CASAI sobre o seu interesse, visando obter deles orientação e ajuda.

Iara começa a fazer perguntas sobre a minha vida, se tenho filhos, se fui casada. Conto para ela sobre minha mãe e meus casamentos. Ela ouve atenta, compreendendo tudo e às vezes completando minhas frases. Parece aliviada por constatar que também existe dor no outro lado do mundo, o mundo dos não índios, chamados por eles de brancos, civilizados. Pergunto o nome de seu marido e ela diz que é  Sancler. Informo que estivemos com ele no Porto da FUNAI e ela fica calada, talvez pensando no que ele poderia estar fazendo. Parece preocupada, evidenciando insegurança quanto ao apoio que pode obter dele; mas logo se recupera e assume seu ar de controle e calma dizendo que ele costuma ir visitá-la à noite na CASAI.

Discussão dos Resultados do AT-09

Iara Jabuti

Apesar de afirmar que sua vida sempre foi boa, o teste de Iara evidencia muita ansiedade. O personagem de sua história (inspirada em uma lenda de sua etnia) é um homem solitário em busca de alguém; o refúgio que ele encontrou nessa busca era um buraco e não era um lugar bom, mas como ele se enganou a esse respeito, ele resolveu ficar; mas quando ia entrar uma pedra caiu e fez barulho. O refúgio era a morada do monstro e dentro havia água, réptil, espada e fogo. A espada ficava ao alcance do homem, pois se encontrava logo na entrada do refúgio. O homem pega a espada, mas não a utiliza, pois fica apenas parado olhando o monstro que ia matar um animal que estava se reproduzindo de plantas.

O quadro de repostas e o questionário confirmam que o personagem é um homem, acrescentando que ele é um “caçador dos parentes e que andava procurando-os”. Os elementos ansiógenos do teste: a queda e o monstro evidenciam que a queda estava referida ao monstro e que este foi representado por um “morcego que mata as pessoas que o homem procura”, e simboliza seu avô. Os elementos de resolução de ansiedade: espada, refúgio e elemento cíclico; indicaram que a espada, embora tenha a função de proteger; na história ela está dentro do refúgio, sendo que este é a casa do monstro. O personagem mesmo segurando-a não consegue usá-la porque fica paralisado de medo diante da ação do monstro que ia matar mais um animal. O elemento cíclico é frágil porque é apenas “um bichinho rodando na água” e sua função era “ter algo para o monstro”, simbolizando “aviso pro monstro”. Os elementos auxiliares: a água, o animal e o fogo estavam todos a serviço do monstro; embora com simbologia positiva: a função da água era ser a “única que o monstro tinha para poder tomar”; o animal “era quem o monstro matava para comer”; o fogo servia de iluminação da casa do monstro e de preparação dos seus alimentos.

Jaci Canoé. Entrevista Individual

Agora minha vida não está muito boa, eu quero estudar e ter uma profissão (ela quer ser veterinária). Minha vida melhoraria se eu tivesse uma profissão para sustentar meus filhos. A maioria da minha turma não está estudando.

Minha vida sempre foi triste, às vezes eu penso que fui errada com minha mãe por ter dois filhos sem marido por perto. Às vezes eles brigam comigo, chegaram a me expulsar quando estava grávida dela (aponta para a menina no colo), aí passei o dia todo na casa da minha avó e voltei no final do dia. Eu sofri demais na minha gravidez. Meu pai, minha mãe e meu irmão brigavam comigo, meu irmão chegou a dar um murro nas minhas costas. Tenho sonho de encontrar uma pessoa que pode me ajudar, que pode me dar educação, ainda não desisti desse sonho

Quando criança eu gostava de brincar com minhas primas e irmãos no mato, ia pescar, jogava bola. Eu conheci o pai da Isabel (a filha) na aldeia dele. Fui passar o aniversário da minha prima. Nós ficamos juntos uns 2 anos sem ter filho. Quando fiquei grávida do primeiro filho, tinha 16 anos, eu não sabia que estava grávida. Nele a minha mãe não tinha tanto desgosto. Depois de 2 anos engravidei do segundo filho, aí meus pais já começaram a me perturbar. Durante esse tempo eu continuei com ele, ele chegou a pegar meu primeiro filho só uma vez. Depois no segundo eu andava atrás dele, e ele não me queria mais, ele já estava com outra mulher e se eu quisesse ter o filho era para eu criar sozinha. Ele nunca deu nada para a criança. Agora minha mãe já acostumou e gosta dos meus dois filhos.

Não tenho namorado agora, só tive o pai dela de namorado. A 1ª menstruação: não tive nenhum ritual, tinha 13 anos. Minha mãe falava que quando viesse a primeira menstruação era para tomar cuidado porque já estava na adolescência. Minha 1ª relação foi com um rapaz, não foi com o pai dos meus filhos. Tinha 15 anos e não contei para minha mãe.

Na minha aldeia tem muitas festas e às vezes eu vou, mas só quando minha mãe deixa. A festa é de forró mesmo, eu gosto de dançar. Tem forró, rasqueado e discoteca.

A casa onde moro é de palha e barro e tem 3 quartos, não tem banheiro, tem cozinha, mas lava a louça no rio.

Além da chicha eu bebo só cerveja, mas nunca gostei de beber álcool, minha mãe falava que quando tomasse álcool ela faria beber uma garrafa de cerveja inteira (ela acha cerveja amarga).

Nunca apanhei de homem, meu pai já bateu na minha mãe porque ele tinha muitos ciúmes dela. Ele não gostava que ela saísse para chichada. Quando eles saíam iam bem, mas quando voltava ele batia nela, aí a gente só ficava chorando. Um dia ele queria atirar nela, mas ela foi esperta e correu.

No dia 19 de abril tem dança e apresentação na aldeia. Aí cada etnia faz sua dança, a gente imita os índios da maloca (aldeia que morava os índios de antigamente, os que eram bravos). Em cada grupo de dança ficam dois velhos, aí fica ensinando e a gente vai ao ritmo deles mesmos.

Não falo a língua da minha etnia, só português, mas entendo a língua da minha etnia. Na escola da aldeia ensina, mas não ensinou da minha etnia só do Jabuti e Macurape.

Discussão dos Resultados do AT9. Jaci Canoé

Ao contrário de Iara, Jaci afirma em sua entrevista que sua vida sempre foi triste. O personagem de sua história (inspirada em uma leitura de um livro escolar) é uma menina que está em cima de uma arvore, tendo uma espada em sua mão com a finalidade de cortar um galho para fazer fogo. Repentinamente, o galho no qual estava apoiada se quebrou e ela caiu. No lugar onde morava havia um rio que tinha muitos peixes e também era a morada do monstro feroz – a cobra grande sucuri.

Na resposta do quadro de análise dos elementos e no questionário ela confirma a menina como um personagem que caiu por não ter percebido que o galho estava seco e a queda simboliza desmaio. Os elementos ansiógenos, a queda, já referida como sendo de uma menina, indica distração e desmaio por parte dela. O monstro é brabo e pode comer gente, portanto o monstro é devorador. Os elementos de resolução de ansiedade, a espada, o refúgio e o elemento cíclico mostram que, embora a arma esteja na mão da menina e simbolize arma, sua função é cortar o galho de uma arvore. O refúgio é apenas um acampamento, portanto abrigo provisório, cuja função é abrigar as pessoas que fogem e simboliza um lugar para viver. O elemento cíclico foi representado por elemento natural, uma arvore que serve para fazer fogo e dar sombra. O personagem é uma menina cuja função é fugir do acampamento e simboliza o ser humano. Quanto aos elementos auxiliares, começando pela água, esta foi representada por um rio que tem a função de “ser grande” e simboliza água para beber; o animal é um peixe “sobrevivente” e simboliza alimento. O fogo serve para cozinhar e iluminar.

Conclusão

Os resultados dos testes esclarecem e confirmam a etnografia proveniente das entrevistas em grupo e individuais. O teste de Jaci Canoé evidencia a ansiedade de uma “vida que sempre foi triste”. A queda é do personagem; sendo ainda redundante quanto ao que parece ser inconsciência, desconhecimento e impossibilidade de iniciativa para enfrentar os problemas; porque o personagem-menina não é adulto, cai porque não percebe o perigo e desmaia; o monstro que é devorador pode comer gente; e o elemento cíclico foi representado por árvore cuja função é dar sombra. Em sua entrevista, embora afirme querer estudar e ter profissão (Veterinária), ela parecer apostar no “sonho” de encontrar alguém que a sustente e aos seus filhos; reafirma essa idéia dizendo que não “desistiu desse sonho”. Se tivesse que participar da história, ela fugiria e iria para o refúgio.

O teste mostra que ela está indefesa: a espada foi desfuncionalizada enquanto arma, o refúgio é provisório e abriga fugitivos. Os elementos auxiliares embora indiquem funções positivas, pois a água é um rio destinado a ser grande e simboliza água para beber; o peixe, mesmo simbolizando alimentos, tem por função sobreviver, o fogo é funcional: cozinhar, e simboliza claridade. Sua história termina com a ferocidade da cobra que impede que se more naquele lugar. A ferocidade é a  sua condição de vida precária. Dois filhos para criar sozinha nos estreitos limites sociais da aldeia, de onde ao mesmo tempo ela vê que há o mundo dos não índios, no qual, preferencialmente pelo casamento e também pelo alcance de uma profissão, ela poderia ser grande.

Quanto à Iara Jabuti, o resultado é coerente com a sua condição de ter sido criada pelos avós desde os seis meses, e aos 10 anos de idade ter ido morar em companhia do pai, fato que lhe causou estranheza, no sentido de sofrimento. Também retrata a insegurança e fragilidade de sua condição atual: grávida de nove meses aos 15 anos de idade; tendo por marido um jovem de 17 anos. É dependente de seu pai, pois reside com o marido na casa paterna. Olhando-a em sua meninice, temos mesmo a impressão de ver um rosto belo e calmo escondendo o medo. A mim ela inspirou sentimento de proteção. Tive vontade de adotá-la: parece mesmo um bichinho desprotegido: ao definir seu modo de participação na história que construiu ela disse que “seria o personagem que ia andar pela mata, achar o refúgio, mas não entrava até o fundo porque via (o monstro) matar o animal que estava se reproduzindo”.

Não dispomos de dados sobre as atitudes de seu avô para com a família. Não sabemos como ele reagiu com relação a ela e a sua mãe. O fato é que temos duas mulheres que se reproduziram: a mãe que a teve e a deixou com os avós e ela própria que se encontra grávida. Durante a entrevista ela evidenciava esforço para manter seu relato e suas emoções sob controle o que talvez tenha prejudicado a espontaneidade. Entretanto, considerando-se o pouco contato que tivemos com ela, justifica-se sua atitude reservada.

O AT-09 é um instrumento sensível como guia para diagnóstico da situação do sujeito e do seu ambiente. O Teste Arquétipo de Nove Elementos, AT-09 foi pensado como complemento para a compreensão dos dados etnográficos, conforme experiência desenvolvida no Centro de Estudos do Imaginário (CEI/UNIR). Evitamos a expressão “teste” e a substituímos pelo termo “exercício de imaginação” por ser mais de acordo com a teoria que fundamenta o teste. Durand (1997) desautoriza o uso do teste para a identificação de tipos psicológicos excludentes, pois isso resultaria em “racismo caracterológico”. Afirma ainda, que a consciência pode transitar de um regime a outro de imagens em decorrência da função de “compensação” já indicada pela psicanálise. Acrescenta que as representações podem não coincidir e mesmo negar o comportamento geral da personalidade. Do mesmo modo, para ele, “uma tipologia dos sexos não pode explicar a escolha desta ou daquela constelação de imagens”, pois são “as ambiências psicossociais que definem o existencial” (DURAND, 1997:379-92).

 

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Notas


[1] Professora do Departamento de Sociologia e Filosofia e do Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, pesquisadora do Centro de Estudo do Imaginário e do Centro de Saúde do Índio da Universidade Federal de Rondônia

  
* Este trabalho foi apresentado no XV Ciclo de Estudos do Imaginário, Seminário Internacional cujo tema foi “Envolvimento/Desenvolvimento”, promovido pelo Centro de Estudos do Imaginário da UFPE, em Recife, em outubro de 2008. http://www.ufpe.br/imaginario/ciclo2008



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