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Mulher e relações de gênero: caminhos e perspectivas  
 


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 Alisangela Lima[1]

 

AL: Apresentação da Entrevistada

Arneide Bandeira Cemin, graduada em Historia pela UNIR, Mestra em sociologia pela UFRGS e Doutora em antropologia social pela USP. E professora do Depto.de Sociologia e Filosofia da UNIR e pesquisadora do Centro de Estudos do Imaginário Social – CEIUNIR, onde desenvolve a pesquisa “Gênero, família e violência em contexto urbano (cotidiano, rede social e imaginário)”.

AL: A Dra. Arneide fará uma palestra sobre mulher e relações de gênero: caminhos e perspectivas.

AL: Professora, porque esse tema?

ABC: A relação de gênero é o fundamento mesmo da reprodução social, pois é o lugar de produção das pessoas via reprodução biológica e social, através da união sexual de uma mulher com um homem, aliados aos processos primários de socialização, elaborados em um quadro institucional que chamamos de família. É no âmbito da família que se reproduz o modo de construção social de gênero. O poder sexista veiculado pelo machismo e suas formas de exercício se espraiam em um imaginário que é misto de coerção e persuasão, encontrando expressão na música, e nas práticas estabelecidas em escolas e locais de culto, de trabalho, de formulação política nos âmbito dos partidos, dos sindicatos e das diversas associações, bem como, através do imaginário social veiculado pelas praticas de lazer, onde os chistes (piadas) e os ditos populares reproduzem a idéia de inferioridade feminina, relegando a mulher a imagens estereotipadas.

AL: Qual o objetivo da palestra?

ABC: O nosso objetivo é contribuir para a diminuição das desigualdades entre homens e mulheres, visando uma sociedade mais justa.

AL: Qual a relação do tema com a atualidade?

ABC: As condições para a construção de direitos sociais e políticos passam por uma redefinição do modelo patriarcal de reprodução social. Um aspecto a ser considerado é a divisão social do trabalho com a casa e com os filhos, bem como, a participação de homens e mulheres na sustentação econômica da família e de si mesmo. Além disso, o respeito às diferenças quanto aos valores do outro, implica em capacidade critica das condições de opressão, alem de disposição para o diálogo.

Questionar o poder masculino implicaria equacionar o velho problema da articulação entre as duas metades fundadoras do social: as sociedades masculina e feminina em um processo de conhecimento e de reconhecimento mútuos. Para tanto, compreendemos que políticas públicas de gênero devem ser políticas de promoção de direitos humanos, pois o melhor enfoque para a questão é coloca-la no âmbito da crítica cultural dos ciclos de desenvolvimento da vida, compreendendo as especificidades sociais da reprodução e da condição humanas - gestação, infância, adolescência, juventude e envelhecimento e morte. Levando em conta, sobretudo, o modo como a sociedade atribui lugares diferentes aos homens e as mulheres nos diferentes ciclos da vida, fazendo a critica dos imaginários que desqualificam o feminino como o lugar dos processos de deterioração física e moral, como se os homens fossem imunes ao envelhecimento, as doenças, a infertilidade, a impotência sexual e fossem naturalmente portadores de direitos, pelo fato de ser homem. 

A produção publicitária que pretende estimular a venda de cerveja, por exemplo, é um lugar expressivo desse imaginário perverso que destina às mulheres o lugar da dor, do sofrimento e do descarte, penalizando-as por ultrapassar o período de juventude, engordar, ficar flácida, doente e angustiar-se frente às dificuldades inerentes à reprodução social. Situações estas que afetam homens e mulheres, mas que, por imposição de um imaginário tecido nos múltiplos espaços sociais, os homens são protegidos por um grau bem menor de exigências. Mudar o imaginário social Implica em dar visibilidade a essas questões porque o mundo social não é apenas da ordem da transparência, mas também da ordem da opacidade e do obscurecimento. Ou seja, a sociedade não constrói apenas visibilidade, mas também, invisibilidades. Precisamos discutir os direitos da mulher, como direito humano a dignidade. Ao mesmo tempo, cada mulher, vivendo isoladamente os problemas que ela supõem serem individuais, esses problemas serão apenas queixas. Porem, organizadas em movimentos e atuando em diferentes níveis de intervenção social, esses mesmos problemas transformam-se em imaginários sociais efetivados em direitos, em políticas publicas, em leis, musicas, poesias e chistes.Transforma-se em modos de inteligibilidade, modos de sensibilidade.

AL: Qual é o público para este evento?

ABC: O evento destina-se aos Educadores (as), lideranças, estudantes (e o público em geral).

Notas

[1]Radialista da Rádio Caiari - Programa: a bronca é sua, a ajuda é nossa Divulgação da palestra: Mulher e relações de gênero: caminhos e perspectivas Promoção: Livraria Paulinas – Porto Velho – RO - Local: Auditório da Arquidiocese de Porto Velho Horário: 13:30.        Data: 04-03-2005 

 

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