|
Revista Eletrônica do Centro de Estudos do Imaginário
|
|
|
_______________________________________________________ TRANSFORMANDO A FRONTEIRA: Território Federal do Guaporé -
Representação do espaço e discurso das elites na Imprensa (1950-1954) |
|||
Resenhas Biblioteca Entrevistas Primeiras Notas CONSELHO EDITORIAL Arneide Cemin Ednaldo Bezerra Freitas Valdir Aparecido de Souza |
Vinicius
Valentin Raduan Miguel[1] Sari
Possari dos Santos[2] Resumo: A pesquisa retoma a década de 1950, época marcada pela ascensão de uma nova classe dominante nacional, a burguesia industrial. Trata-se de um período de disputa de privilégios entre o tradicional e fragilizado setor agrário-exportador e a nova proposta econômica baseada na industrialização do sudeste do país. Longe dos grandes centros econômicos e políticos e dentro deste debate estava a Amazônia, alvo da cobiça desses distintos grupos e de seus antagônicos projetos de desenvolvimento econômico nacional. Oferecemos aqui uma análise da Amazônia a partir dos discursos das elites regionais demonstrando como estes grupos representavam a região na esfera local, repercutindo na esfera nacional e, deste modo, transformando a fronteira. Abstract: The research focuses at 1950’s, a period when a new dominant class, the
south industrial bourgeoisie was obtaining relevance. It was a time of disputes
amongst the traditional and weakened agro-exporter sector and the new economic
project based on the industrialisation of Key words: Amazon borders; State; Development; Discourse; Hegemony Introdução Este
trabalho é uma tentativa de análise das representações do espaço/região nos
discursos das elites[3] da
Fronteira Amazônica na década de No
caso em apreço, consideramos que o espaço delineou a
paisagem política assim
como o ambiente traçou os limites para a prática
discursiva, que “representou”
a região para seus benefícios. Como expresso nas bases da
filosofia do trabalho
marxista, o espaço físico toma existência a partir
da ação humana e a natureza
ganha forma sendo manipulada (materialmente e discursivamente) pelo
homem
(ENGELS, 1979, 2009; MARX, 1984, 2005). Neste trabalho, fica evidente o
processo de “transformação” ou
manipulação discursiva da natureza (a
“Amazônia”) no sentido de mutação, de
conversão em algo ameaçador e vulnerável,
requerendo a intervenção estatal para conter a
fúria da região e protege-la das
intimidações de um inimigo invisível. A
história demonstra que o espaço não é neutro[5],
no sentido de a-político, mas ao contrário, é politicamente carregado sendo
interpretado pelo Estado e classes em dominância, mobilizando esforços e
imprimindo uma marca social no espaço físico. A organização dos espaços é,
simultaneamente, reorganização física e social, implicando na distribuição não
apenas de espaço, mas de poder. O próprio espaço materializa uma prévia equação
de poder em que um grupo dominante foi definido como capaz de estruturar
concretamente/materialmente e abstratamente/simbolicamente um território
(RAFFESTIN, 1984). Partimos do pressuposto de que se há uma geografia do poder, há o poder
da geografia. O saber científico, desde a revolução industrial, ganhou a
prerrogativa de ser a última instância entre todos os saberes existentes, tendo
a capacidade de ser resolutivo; a última voz a ser emitida sobre um dado tema.
O discurso científico e sua casta de profissionais exercitam, com base nesse
privilégio, poder sobre os outros saberes, marginalizados e suprimidos. A
ciência é fetichizada, ganhando aspectos supranaturais e não sendo percebida
como um corpo coerente de argumentos arbitrários (FOUCAULT, 1971). Durkheim
(1994) afirma que a ciência recebe uma forma de autoridade social; sendo
harmonizada e aceita como parte capaz de ofertar entendimento para uma
sociedade. Bourdieu (2000) completa essa interpretação através da aplicação do
conceito de poder simbólico descrito como um efeito ideológico do conhecimento,
impondo sistemas de classificação política/arbitrária sob outra taxonomia
qualquer – seja filosófica, jurídica, religiosa, etc. – que substituem de forma
irreconhecível as relações de força, tornando-o “legítimo”, aceitável.
Destarte, consideramos que a geografia não deve ser tida como uma ciência
descritiva de uma realidade natural, pois como prática discursiva e com seu corpus argumentativo, manufatura a
realidade social e mais: cria e permite a ocupação de espaços. A
criação de fronteira é um processo de regulação e gestão da população e
território realizado para incrementar os sistemas de controle definindo quem é
o “estrangeiro”, geralmente percebido como uma ameaça, um perigo, definido de
acordo com uma lógica arbitrária, nomeando e excluindo (MIGUEL, 2008).
Portanto, a fronteira não tem uma existência fática, mas é resultado de
construção política (VELHO, 1979). A geografia política, nesse sentido, define
essas fronteiras, definindo quem é o “nacional”, construindo a pátria, e quem é
o estrangeiro/ameaça, sendo, acima de tudo, uma técnica de governabilidade e um
discurso constitutivo das entidades político-territoriais (FOUCAULT, 1971;
LACOSTE, 1976). Dentro
destes marcos, as representações do espaço amazônico só podem ser apreendidas
se observadas enquanto parte dos signos integrantes de um imaginário social
determinado. Como demonstraremos, no período em estudo as elites locais
tentavam transformar o signo amazônico carregando-o politicamente de uma
significação negativa: como (i) espaço ameaçado e (ii) solução para os
problemas da industrialização nacional. Usando da fronteira como
territorialidade/identidade, a elite local se constituía enquanto uma classe
para si contra outras elites nacionais.
Ambicionando transformar o espaço para então transformarem o espaço
físico e, com estas transformações simbólicas e, posteriormente, físicas,
obterem privilégios de ordem política e econômica. Elite local e hegemonia[6]
fragmentada Os
grupos sociais que constituíam a elite rondoniense na década de 1950 estavam
vinculados à produção e comercialização da borracha regional, marcada por um
breve momento de crescimento econômico durante a Segunda Guerra Mundial, quando
a ocupação dos seringais da Malásia por tropas japonesas, impediram o
fornecimento do látex às indústrias norte-americanas. O imediato encerramento
da Guerra e a conseqüente desocupação dos seringais asiáticos provocaram a
estagnação da produção amazônica que se mostrou incapaz de concorrer no mercado
internacional com a heveicultura asiática e a nova fonte alternativa do látex,
a borracha sintética. Na
tentativa de encontrarem oportunidades políticas e econômicas que garantissem
sua permanência enquanto classe dominante, os grupos regionais traçaram as
seguintes estratégias: (i) reforçar a idéia da fronteira como um “espaço vazio”
e “politicamente perigoso” (BRITO, 2000) e, aproveitando-se da atmosfera de
industrialização, (ii) apresentar a região amazônica como possível fornecedora
de matérias-primas, agora não mais para a exportação, mas destinadas à
incrementar a incipiente produção industrial nacional. Com
a representação da região como isolada, pretende-se, então, integrar a região
com a abertura de estradas. As rodovias estrategicamente permitiriam o avanço
de ondas migratórias, possibilitando a colonização e ocupação da área e, ao
mesmo tempo, o escoamento da produção local (BECKER, 2001). Essa “integração
nacional” conjugada com o “desenvolvimento regional” foi resultado de uma mobilização
política, que permitiu a canalização de recursos estatais, fomentando a
economia local. Destarte,
nesse contexto em que “governar era abrir estradas”, no final dos anos 1950, o representante
do Governo Territorial apresentou ao presidente Juscelino Kubitschek o plano de
uma nova rodovia, o outro braço da cruz, formada pelas estradas que ligavam a
nova capital federal aos extremos do Brasil (LEAL, 1984). Contudo, iniciativas
para abertura da BR-029 (atual BR-364) já se faziam presentes desde 1945, quando
o tenente-coronel Aluízio Ferreira, na ocasião governador do Guaporé, criou a
2ª Companhia Independente, com o intento de estabelecer uma via de acesso sobre
os rastros da linha telegráfica criada pelo Marechal Rondon (SILVA, 1984). Mas
como a elite local se organizou para pleitear benefícios diante da
União/governo central? Os grupos locais foram hábeis em organizar-se em
diversos aparelhos privados de hegemonia[7]
como associações patronais, partidos políticos, sindicatos e mesmo organismos
aparentemente não-políticos tal qual associações beneficentes e clubes
desportivos, totalizando 99 instituições, algumas com atuação além dos limites
do Território Federal[8].
Integrantes da outrora economicamente influente classe dominante, uma vez
solidificando seu prestígio na sociedade civil e disseminando sua hegemonia,
tomavam parcialmente estruturas governamentais e lá usavam seus postos para
obtenção e distribuição de privilégios (MIGUEL, 2008; SANTOS, 2008; 2009). O
que se via era a interferência da sociedade civil no aparelho de governo para
direcionar a ação pública deste em favor da primeira. O
Estado foi alargado através da criação de novas agências públicas, como o Banco
de Crédito da Amazônia (BCA) e a Superintendência do Plano de Valorização
Econômica da Amazônia, (SPVEA)[9],
agências surgidas em decorrência da provocação das classes dirigentes
amazônicas e que serviam como novos espaços em que agentes regionais puderam se
re-inserir. O Estado era progressivamente redefinido pelos grupos hegemônicos
e, cada vez mais, expandido de modo a intervir na economia regional e
“desenvolver” a Amazônia, até então, “legada ao esquecimento”, segundo as
representações dos discursos hegemônicos locais. Da crise de hegemonia em que
se colocava o setor agroexportador, ou uma hegemonia fragmentada em
conseqüência da crise econômica de Representando o Espaço Amazônico A
fronteira, enquanto limite territorial do Estado-Nação, não é apenas um dado
físico, mas essencialmente social e, sendo um artefato cultural, é
representativo da sociedade que a envolve. Faz parte do imaginário social[10],
do conjunto de símbolos da cultura local e nacional, permitindo a
inteligibilidade para os seus integrantes. Sua criação é “manufaturada” na
interação social, tecida entre os grupos sociais, em uma influência mútua, e
adquire uma existência Na
década de 1950, pela primeira vez a população urbana superava a rural; fato
estimulado pelo Estado via incentivos
fiscais, econômicos e creditícios. Mas o avanço da hegemonia política
industrial não se consolidou com a eliminação das classes vinculadas a produção
rural, de forma que estas últimas ainda mantiveram certa capacidade de manobra,
tentando, a todo custo, sobreviver enquanto classe. A Amazônia, periferia do
desenvolvimento capitalista no país, é palco desta luta. Esta região,
apreendida enquanto signo dualístico reproduzia o equilíbrio instável entre as
posições das classes dominantes que aspiravam à hegemonia. Do embate entre
grupos nacionais vinculados à indústria e as classes proprietárias rurais, as
elites amazônicas tentam se desvincular da imagem de região exportadora. Agora,
a produção da fronteira serviria ao imperativo nacionalista de desenvolver o
capitalismo industrial brasileiro. As falas das elites locais incorporam e
recriam o nacionalismo e o desenvolvimentismo, tanto apresentando a região como
“brasileira” e ameaçada por forças estrangeiras, como requerendo os benefícios
da atuação dos aparelhos de governo para promover e dinamizar a economia
regional. Nesse sentido, a primeira representação do Território Federal do
Guaporé, no período delimitado para estudo, é no aniversário de seis anos da
criação do Território e descreve a população como “abandonada de qualquer
assistência do poder público”, mas “apta á integração das faixas de fronteira
na órbita dos interesses da defesa nacional”[11].
Trata-se de uma Amazônia fornecedora de matérias-primas “essenciais ao maior
desenvolvimento da nação”[12]
e, em paralelo, de autonomia econômica, que atua como substrato do nacionalismo
varguista da época, como pode ser observado em matéria de comemoração pelo 69º
aniversário do presidente Getúlio Vargas. Nesta ocasião, as classes dominantes
aproveitaram para promover diversas comemorações, exaltando a figura do
presidente enquanto responsável pela criação do Território Federal e
emancipação de sua população, antes “mergulhados num indiferente olvido”. [A]
ação patriótica do Sr. Getulio Vargas que sentiu e observou em sua visita a
este Território, as grandes possibilidades que oferecia esta região, tão
brasileira como as que demais o sejam, pela exuberância de suas terras e como
centro produtor por excelência, verificando a necessidade do aproveitamento
dessas riquesas de tanta utilidade para a vida da nação e para suprir suas
deficiências econômicas, e hoje, si o Guaporé não é a locomotiva que arrasta a
composição nacional, é no entanto, um dos wagons que transporta os elementos
básicos para a formação e fomentação de uma das maiores industrias do Paiz (sic).[13] O
texto demonstra a representação da Amazônia que
embora produzindo “elementos
básicos”, estes contribuíam para a
“formação e fomentação” do
setor industrial
do país. Ao mesmo tempo, enfatizava-se que a região
também despertava “a cobiça
do extrangeiro”, ambiciosos por “esta faixa de terra que
constitue um
patrimônio fértil de riquezas inexploradas e uma fonte de
recursos inexgotaveis
á grandesa nacional (sic)[14]”. Arthur César
Ferreira Reis[15] apresenta
descrições valiosas sobre o assunto. Ao ser nomeado para o cargo de superintendente
da SPVEA em 1953, prometeu cercar-se de funcionários vindos da própria região[16] e ao discursar na
Câmara dos Deputados por ocasião de sua posse, condenou o país pelo “grande
pecado de haver lançado a Amazônia ao abandono”, fazendo apelos nacionalistas,
querendo “demonstrar ao mundo” que o “colonialismo” já foi deixado[17]. Em suas falas,
Reis apresenta um projeto para internalizar as decisões na própria Amazônia,
fazendo referência a uma auto-suficiência regional como prova da “brasilidade”
e teste de capacidade do brasileiro Nossas populações
amazônicas vivem ao Deus dará, desassistidas em tudo, lutando contra os
obstáculos criados pela natureza selvagem. (...) A nossa participação na
conjuntura econômica é ainda participação de grupos submetidos a processos de
trabalho rotineiros que encarecem e desqualificam a produção (...) (REIS, 1953,
p. 1; ver nota de rodapé anterior). Sua fala demonstra
a perspectiva das elites intelectuais e econômicas da região. É dele o
constante apelo nacionalista, ou, em suas palavras, a necessidade de empenho
“de alto sentido cívico e de alto conteúdo civilizador que exige sacrifícios
[e] sentimento de brasilidade”[19]. Na ocasião de sua
visita ao Território, em agosto de 1953, Reis se reuniu com políticos locais e
a elite do Guaporé – a Associação Comercial e a Associação dos Seringalistas.
Dos relatos desta reunião, podemos extrair a descrição da Amazônia feita pelo
então governador do Território Federal do Guaporé, Jesus Burlamaqui Hosannah.
Para ele a região era uma das “mais singulares dentro da espetacular
singularidade da Amazônia”, “uma região excêntrica”, resultado de um processo
de ocupação apressado e não sistematizado, necessitando de planejamento e
ordenamento do poder estatal para melhor uso do “Território de riquezas
latentes, que se dizem imensas, da vasta região deste planalto”[20]. Finalmente, em A
Amazônia já não é para nós apenas a gigantesca floresta adormecida, a selva
inviolada, densa de mistério e de perigos traiçoeiros, onde as forças da
natureza ainda parecem tumultuadas (...). Já não a consideramos como uma
portentosa expressão geográfica, ou um Eldorado fabuloso cujas promessas
ilusórias se desfazem na inconsistência das miragens, e sim como a imensa base
física onde a vossa gente erguerá uma civilização de paz e de trabalho
recompensador. (...) [P]odemos vislumbrar, na distancia dos tempos, a Amazônia
sonhada pelo nosso patriotismo. (...) Haveremos de ver a Amazônia não como o
inferno verde das figurações literárias e de curiosidade turística, mas como um
elemento atuante, uma célula criadora, integrada em toda a plenitude dos seus
inesgotáveis recursos na vida da Nação. (...) Promovendo a redenção econômica
do nosso imenso potencial de riquezas (...) (VARGAS, 1954, p. 1[22]). A fala de Vargas corrobora
o padrão presente nos outros atores políticos já descritos, apresentando uma
Amazônia de vastidão sem medida, de inúmeras possibilidades e riscos, de
prósperas terras que podem contribuir para a constituição da Nação, oferecendo
necessárias riquezas e testando o próprio homem, tanto da região como o
brasileiro. O discurso se articula com a representação de
uma região ameaçada pelo espectro soviético e, contra o qual, o desenvolvimento
econômico é estratégia de contenção. O Programa Ponto 4 de Truman, presidente
dos Estados Unidos da América (EUA), passa a ser propagandeado e desejado. Mas
para receber as dádivas dos EUA era preciso que a região fosse um signo de algo
valioso a ser perdido. São reiteradas matérias que descrevem a região como
subdesenvolvida e, ato contínuo, o capital internacional como “uma necessidade”
para superação da atual condição[23].
Um
exemplo da representação do espaço amazônico, enquanto área sob ameaça foi
feita por Ênio Pinheiro, futuro Governador do Território, em sua posse como
diretor da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em 1953. Ele aponta que a região “constitui
um dos pontos mais sensíveis da vasta fronteira ocidental do Brasil” e, no
entanto, é “de grande valor econômico e estratégico”[24].
Em 1954, Ênio Pinheiro, já governador do Território Federal, retrata a região
como promissora, podendo muito “oferecer das variadas e vultosas riquezas que
possue nos seus gigantescos mananciais – as florestas, a borracha, a
agricultura, a castanha e os minerais do seu pontentoso sub-solo (sic)[25]”. Há
uma evidente contradição na retórica nacionalista. Embora se fale em
internalização das decisões, autonomia econômica e no desenvolvimento da
economia nacional, são evidentes a dependência de outras matérias-primas além
da borracha para a produção de pneus (principal produto industrializado a
partir do látex) como aço, arame, cobre, enxofre e outros produtos químicos.
Todas estas outras matérias eram importadas, apesar da eloqüência contrária ao
capital internacional. A falta destes produtos de origem estrangeira quase
provocou uma crise, estancando o consumo do látex em decorrência da ausência de
condições para manufaturar os pneumáticos[26].
O estranho
nacionalismo[27] é particular do
momento de equilíbrio instável entre as classes sociais, em que frações das
classes dominantes ainda disputam a hegemonia. E assim se
transformou a fronteira: a partir de sua representação orquestrada pelas elites
locais e nacionais. Nesta dinâmica, o espaço amazônico foi representado como
repleto de riquezas, ostentando opulências que estariam apenas aguardando a
sábia exploração e colonização de iluminados desbravadores. Mas esta riqueza em
potencial estava sob a ameaça da cobiça estrangeira, um perigo nunca
delimitado. Esta elasticidade do inimigo é vantajosa por permitir sua
exploração retórica de acordo com o contexto, a audiência e o agente discursivo,
de forma que pode ser o “imperialismo” britânico ou estadunidense, o comunismo
internacional sob a tutela do regime soviético ou mesmo forças hostis latino-americanas.
Portanto, era preciso defender os limites territoriais da Nação. Isto seria
feito através da atuação do Estado, promovendo o desenvolvimento econômico e a
ocupação da região. As elites amazônicas e a construção de uma
hegemonia política Mas podemos dizer
que o discurso das elites locais alcançou a hegemonia política nacional? Para
responder esta questão, estabelecemos dois critérios. Primeiro, é possível
encontrar o discurso das elites locais em atores nacionais? De outro modo, as
representações do espaço amazônico, feitas pelos grupos dominantes locais,
encontram eco na esfera política nacional ou estas representações ficam
restritas à região? Um segundo critério é atendido respondendo a seguinte
pergunta: as elites locais tiveram suas demandas atendidas? De que modo suas
propostas e aspirações foram acolhidas? Para o primeiro critério a resposta é sim, outros
personagens importantes da política nacional repetem, reproduzem e amplificam
as representações originadas na região. Conforme verificamos na pesquisa, Assis
Chateaubriand[28], jornalista, empresário e influente político, ao
visitar a região em 1950, alarmou-se com “o aspecto de abandono e
precariedade no mundo amazônico”, reiterando, em seu discurso, o “retardamento”
da economia local em relação aos outros estados do país, e enfatizando a
necessidade de modernizar seu centenário modelo produtivo, em vistas dos
problemas que poderia causar a economia nacional[29].
Mas este local “pouco desenvolvido” também apresentava qualidades positivas,
que poderiam torná-la a “alavanca do industrialismo”[30]
nacional, em razão da seiva elástica. As idéias predominantes nos discursos de
Chateaubriand representam uma Amazônia enquanto fornecedora de matérias-primas
e gêneros alimentícios, que deveria concentrar-se, para tal, no desenvolvimento
da agricultura e pecuária, negando a opção de dedicar-se “com grandes e
dispendiosos custeios ao suntuarismo das cidades”, aliviando, portanto, a “preocupação
de [uma] urbanização suntuária que não deixa rendimentos duradouros”[31]
ao Governo brasileiro. Outro
exemplo é a fala do candidato à presidência, Cristiano Machado[32],
no ano de 1950. Ele fala de uma “terra prestigiosa”, “remota”, “isolada”,
“segregada”, com “riquezas numerosas e de vários tipos”, uma “paisagem
equatorial, revôlta e ameaçadora”[33].
Repetem-se os discursos das elites locais, reafirmando no imaginário social
nacional, a Amazônia sempre rica e, ao mesmo tempo, miserável; como fonte de
riquezas, mas de fragilidade econômica; detentora de potenciais latentes,
conquanto ponto de vulnerabilidade à soberania nacional. Finalmente,
outro personagem expressivo dessas representações é Euvaldo Lodi[34],
engenheiro, industrialista e influente político. Em reunião com o governador
eleito da Bahia, Regis Pacheco, Lodi apresenta, em tom de urgência, suas
concepções: Corremos
o risco de perder a Amazônia em futuro próximo, talvez em dez anos, se não
agirmos no sentido de unificarmos economicamente o Brasil. A Amazônia, pelas
suas imensas riquesas em borracha, petróleo, manganês e carvão tipo Cardiff,
tem despertado a cobiça de todos os povos quer da América, quer de outros
continentes, razão porque precisamos nos aproximar dessa região (sic)[35]. É refeita a dialética entre nacional/estrangeiro e
reintroduzida a idéia de ameaça, que faz uma chantagem para a promoção da
integração nacional e do desenvolvimento econômico, postulados do
nacional-desenvolvimentismo. Com estes três exemplos, A. Chateaubriand, C.
Machado e E. Lodi, todos eminentes políticos e integrantes das classes
dirigentes nacionais, fica claro que as representações do espaço amazônico não
eram restritas à região. A Amazônia era um signo hegemônico no imaginário social
e, por isso, outros atores políticos repetiam os discursos das classes
dirigentes locais cujos interesses eram percebidos como universais e não apenas
como restritos. A Amazônia se tornou, pelo processo de significação (que é em
si, parte da luta de classes), “um signo ideológico” entendido como
“monovalente” e “acima das diferenças de classe” (BAKHTIN, 2006), um momento de consenso.
Uma idéia de um grupo particular (as elites amazônicas) foi capaz anular forças
discordantes, obtendo o monopólio da opinião pública/imaginário social e
foi competente o suficiente para apresentar-se como um intelectual orgânico,
dirigindo o processo político (GRAMSCI, 2000). Finalmente,
vamos ao segundo critério: “as elites locais tiveram suas demandas
atendidas?”. Também podemos comprovar que sim. No momento de declínio do
consumo da borracha, as elites locais obtêm a colaboração direta do Ministério
da Fazenda, por meio do ministro Horácio Lafer, para tornar obrigatório o
investimento de partes dos lucros do setor industrial na produção de borracha[36]. Além disso, os
seringalistas recebiam constantemente créditos e financiamentos estatais para
auxiliar a produção. Em 1953, o Ministro
da Fazenda, Oswaldo Aranha, prorroga o Decreto Federal 30.694 que tornava
compulsória a transferência de 20% dos lucros das indústrias ligadas à borracha
para um fundo de fomento ao plantio de seringueiras, projeto proposto pelo
Conselho Consultivo do BCA[37], instrumento
privilegiado para implementação de políticas e transferência de recursos para a
região. Em julho do mesmo ano, começam a aparecer sinais de um redirecionamento
do foco da economia regional, buscando fomentar a agropecuária regional e
solucionar a crise da falta de carne e altos preços de alimentos que assolava o
Território. Assim, técnicos do Instituto Agronômico do Norte (IAN) visitaram a
região com o objetivo de instalar uma fazenda experimental de criação de gado,
ao mesmo tempo em que o BCA obtém mais recursos para incentivar estes projetos[38]. Simultaneamente, a Associação
dos Seringalistas do Guaporé, sob a justificativa de estimular o aumento de seu
cultivo, então estagnado, reivindicava o aumento do preço pago pelo BCA pela
borracha aqui produzida. O responsável pela articulação, Carlos Mendonça,
representante do Guaporé no Conselho Consultivo do BCA, obteve unânime
aceitação neste órgão em dezembro de 1953. Em fevereiro de 1954, o presidente
Vargas envia uma mensagem ao Congresso colocando-se favorável ao aumento de
30%. A queda-de-braço se arrasta durante o mês de março, até o momento em que o
representante do Guaporé na Câmera Federal, Aluízio Ferreira, a delegação do
Conselho Consultivo do BCA e o superintendente da SPVEA, Arthur César Ferreira
Reis, se reúnem com o Ministro da Fazenda, Oswaldo Aranha. Diante da pressão
desses representantes, o Ministro passa a criticar a Amazônia, dizendo se
tratar de uma região onde os homens só recebem financiamentos, descrevendo-os
como “vagabundos” e “doentes”. O ponto central da
crítica de Aranha dizia respeito aos custos da borracha nacional, na época,
três vezes superior à borracha importada. Por fim, em abril, a pressão é
amplificada, quando a Comissão Executiva de Defesa da Borracha (CEDB) resolve
se juntar as reivindicações do BCA e da SPVEA, pelo aumento do preço do
produto, alegando ser um “imperativo de ordem econômica”, tratando-se de um
“problema social”, dada as “condições desfavoráveis ao homem nas zonas
produtoras”. Aranha tenta resistir, alegando não poder fazer o impossível, por
conta da situação econômica do país. Contudo, cede em 14 de abril, concedendo o
aumento integral reivindicado pelos seringalistas[39]. Concluindo: cultura, espaço e transformação No imaginário
social e nas representações dos discursos das elites locais a fronteira existia
como fonte de bens ilimitados, manancial inesgotável de recursos, e mostrada
como possibilidade de ascensão social para as classes dominadas. Como explica
Becker (1990), reportando-se a Velho (1979), a fronteira é “virtualidade”,
possibilidade latente, potencialidade em inércia, ativa e manuseada pelo Estado
que a preserva como estoque de capital simbólico onde será possível a
generalização de um modo de produção. A(s) fronteira(s) é (são) espaço(s) de
manobra de forças sociais e uma incógnita colocada, onde se projetam
expectativas e recriam-se (ideologicamente) alternativas para o desenvolvimento
do capitalismo. O espaço físico delineou a área de atuação política dos grupos
sociais. De outra maneira, podemos dizer que os grupos políticos se apropriaram
do espaço físico e usaram-no para seus objetivos, assim como a paisagem
política foi também influenciada pela paisagem natural e a realidade física
traçou os limites para o desempenho das elites envolvidas. Estes
fatos mostram
que o consenso não existe; ele é organizado por um grupo
que conduz a aceitação
de seus interesses particulares por todos os outros grupos subalternos
(GRAMSCI,
2000). A hegemonia política é um momento em que essas
idéias privadas são
apresentadas/aceitas como totais e universalizadas. Quando os diversos
grupos
da organização social “compartilham” (pela
aceitação, subordinação de alguns e
dominação de outros) um interesse agora entendido como
“comum”, têm-se o
momento de hegemonia. Evidentemente, é de difícil aferição se
o discurso nacional sobrepõe e se impõe ao regional obtendo hegemonia ou seu
contrário, com prevalência do nacional sobre o local. Embora estejamos
apresentando uma aparente predominância do regional sobre o nacional neste
texto, novas pesquisas seriam necessárias. Teoricamente,
nossos apontamentos são de uma co-determinação. Seria uma grande simplificação
anti-dialética explicar os fenômenos aqui descritos sem reconhecer as
inumeráveis forças sociais envolvidas dando resultado ao evento histórico. É
imperativo apontar que as vontades individuais, embora não obtenham aquilo que
“individualmente” almejam, têm suas aspirações condensadas em um resultante
comum, onde cada parcela contribui em um nível ou outro para a sua formatação.
Assim sendo, diante do falso embate e abstração entre causa e efeito, o materialismo
histórico aponta para um vasto processo de interação e dupla determinação (ENGELS,
1890). As elites locais foram
capazes de exercer seu poder além das instâncias regionais. No Território
Federal do Guaporé, elas conquistaram posições nos aparelhos de governo. Na
esfera nacional, outros atores de importância significativa incorporaram e
aceitaram as concepções das elites locais, cujo ápice foi a SPVEA, em 1953. Por
fim, estas elites foram capazes de obter privilégios expressivos do governo
central, de forma que existem provas a corroborar a tese de que houve uma
hegemonia das elites locais. Bibliografia ARON, R. Paix et guerre
entre les nations. Paris: Calmann-Lévy, 2004. BACZKO, B. Les imaginaires sociaux. Mémoire et espoirs
collectifs. Paris: Payot, 1984. BAKHTIN,
M. M. Marxismo e filosofia da linguagem.
12 ed. São Paulo: HUCITEC, 2006. BECKER,
B. K. A Fronteira em fins do século XX. Pp. 15- BECKER,
B. K. Revisão das políticas de ocupação da Amazônia: é possível identificar
modelos para projetar cenários? Parcerias
Estratégicas, n. 12, set., p. 135-159, 2001. BENSAID,
D. Marx, o intempestivo. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. BOURDIEU,
P. A economia das trocas simbólicas.
Introdução, organização e seleção de Sergio Miceli. 3. Ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1992. _____. Sobre el poder simbólico. PP. 65-73. Intelectuales, política y poder. Buenos
Aires: Universidad de Buenos Aires, 2000. BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro: Assembléia Constituinte, 1946.
_____.Decreto-Lei nº. 1.806. Diário Oficial da República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de
Janeiro, 06 jan. 1953. _____.
Lei nº. 1.184. Dispõe
sobre o Banco de Crédito da Borracha S.A.. Rio de Janeiro, 30 ago. 1950. BRITO,
D. C. de. A modernização da superfície.
Tese (Doutorado em Ciências: Desenvolvimento Sócio-Ambiental na Universidade
Federal do Pará). Belém, 2000. CEMIN,
A. B. A escola sociológica francesa e suas presenças nas teorias do imaginário.
Primeira Versão. Ano I, No. 38,
setembro. Porto Velho: Edufro, 2001. DURKHEIM,
E. Sociologia e Filosofia. São
Paulo: Icone, 1994. ENGELS, F. A dialética da natureza. São Paulo:
Editora Paz e Terra, 1979. ______. Letters on Historical Materialism. ______. O Papel do
Trabalho na Transformação do Macaco em Homem. [1876]. Disponível em <http://www.marxists.org/portugues/marx/1876/mes/macaco.htm>.
Acesso em 20/04/2009. FGV. A Era
Vargas - 1º tempo - dos anos FOUCAULT, M. L’Archeologie
do savoir. Paris: Gallimard, 1971. GRAMSCI,
Antonio. Cadernos do Cárcere. v. 3.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. IANNI,
O. Industrialização e Desenvolvimento
Social no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1963. LACOSTE, Y. LEAL, Paulo Nunes. O Outro braço da cruz. Porto Velho:
Governo de Rondônia, 1984. MARX, K. A
Ideologia Alemã. São Paulo: Editora Martin Claret, 2005. ______. O
Capital. Volume I, Tomo I. São Paulo: Abril Cultural, 1984. MIGUEL, V. V. R. Fronteira Ampliada (1950-1954).
Monografia (Bacharelado MORAIS, F. Chatô - O Rei do Brasil. 13 ed. Cia das Letras: São Paulo, 1994. RABELLO, A. C. B.; SANTOS, S. P. dos. &
MIGUEL, V. V. R. É preciso mudar para tudo continuar como está: classe
dirigente na periferia do Brasil (1950). In
V Simpósio Nacional Estado e Poder:
Hegemonia. Rio de Janeiro: UFF, 2008. RAFFESTIN, C. ‘Territoriality: A Reflection of the
Discrepancies Between the organization of space and individual liberty’. International
Political Science Review. 5;
pp. 139-146, Ano 1984. SANTOS,
S. P. dos. As organizações civis em
Rondônia (1950-1960). Relatório Final (Iniciação Científica,
PIBIC/CNPq/UNIR) – Porto Velho, 2008. ______.
As organizações civis em Rondônia (Anos
50). Relatório Final (Iniciação Científica, PIBIC/CNPq/UNIR) – Porto Velho,
2009. SILVA,
A. G. da. No rastro dos pioneiros: um
pouco da história rondoniana. Porto Velho: SEDUC, 1984. VELHO, O. G. Capitalismo autoritário e
campesinato. 2ª ed. São
Paulo, Rio de Janeiro: DIFEL, 1979. Notas [1] Cientista Social (UNIR) e Mestre
[2] Acadêmica do curso de Ciências Sociais (UNIR). Integrante do LABOGEOPA – UNIR. [3] Elite, para os propósitos deste
trabalho, é intercambiável com classe dominante ou classe dirigente. Estamos
simplesmente usando o termo como classe social politicamente e/ou
economicamente dominante, estando nas altas posições da estrutura social.
Classe social, como definiu Bensaid (1999), não é apenas um supra-indivíduo ou
agrupamento de indivíduos. Há um elemento constituinte da classe que é o
reconhecimento de uma solidariedade de seus membros com interesses comuns que
almejam serem espraiados por toda a sociedade por meio da disputa política
(GRAMSCI, 2000). É a consciência de classe que cria a classe. [4] Jornal publicado [5] Com esta afirmação, temos em
mente Halford Mackinder, precursor (mesmo não desejando e sendo por fim vítima
do modelo autoritário Nazista) da “ideologia do espaço vital” e principal
difusor da geopolítica. Em síntese, seus estudos indicavam a possibilidade do
esgotamento dos recursos naturais/matérias-primas e insuficiência do território
para o crescimento populacional alemão, o que justificaria/justificou o
expansionismo beligerante hitlerista. A ocupação de novos territórios era
justificável e uma necessidade imediata (ARON, 2004). [6] Hegemonia [política] é um dos
mais complexos conceitos gramscianos; materializa habilidade de um segmento
social em “conduzir” os outros, direcionando-os para onde bem entender.
Comporta a trama de perspectivas políticas e sociais dominantes, comportamentos
e práticas. Podemos dizer que um grupo atinge/obtém a hegemonia quando é capaz
de impor sua agenda e interesses particulares, fazendo com que os outros grupos
subalternizados aceitem estes (interesses/visões de mundo) como consensuais. A
hegemonia é, permanentemente, disputada e refeita na sociedade civil. [7] O conceito aqui explorado é
definido por Gramsci (2000) e amplamente desenvolvido pela literatura marxista
subseqüente. Os aparelhos privados de hegemonia existem enquanto unidades da
sociedade civil (em oposição à estrutura estatal), local onde se criam,
preparam e difundem formas de hegemonia política. São “privados” por serem em
oposição à esfera pública, chamados por Gramsci de “aparelhos de governo” ou
“sociedade política”. São de vinculação não obrigatória e objetivam
principalmente disseminar uma dada hegemonia. [8] Como, por exemplo, a Associação
de Seringalistas da Amazônia e a Confederação Nacional dos Seringalistas, o que
demonstra a capacidade de articulação estadual, macro-regional e nacional. [9] O BCA foi criado pela Lei n.
1.184 de 30 de agosto de 1950, sancionada pelo Presidente Eurico Gaspar Dutra.
Já a SPVEA é instituído pela Lei 1.806 de 6 de janeiro de 1953, sancionada pelo
Presidente Getúlio Vargas. O Plano de Valorização Econômica da Amazônia (PVEA)
havia sido criado anos antes, através da Constituição Federal de 1946, art.
199. [10] Imaginário social é uma
modalidade de crença, pensar e sentir, através das quais uma cultura é capaz de
entender seu passado, seu presente e se estruturar enquanto tal (BACZKO, 1984).
Também é “[u]m contexto social de saberes que
permite a articulação de discursos – palavras, pessoas e coisas - que pondo em
contigüidade, fusão e intercruzamentos as positividades, as empiricidades, construindo-as”
(CEMIN, 2001, s.p.). Os sistemas de símbolos são instrumentos de integração
social, fazendo ser possível uma integração “lógica” e entendimento da
realidade (BOURDIEU, 2000). [11] ALTO MADEIRA. Aniversario da Instalação do Território.
Porto Velho, 29 de janeiro de 1950. Ano XXXII, n. 3492, p. 4. [12] ALTO MADEIRA. Todos os recursos aos serviços públicos
essenciais. Haverá dinheiro para a borracha, afirma Lafer. Porto Velho, 31
de julho de 1952. Ano XXV, n. 4097, p. 1. [13] ALTO MADEIRA. Getulio Vargas. Porto Velho, 19 de
abril de 1951. Ano XXXIV, n. 3733, p. 2. [14] Id., Ibd. [15] Nascido em Manaus, Amazonas e
formado em Direito, Reis atuava como um intelectual orgânico da Amazônia,
chegando a ocupar o cargo de governador do Amazonas entre 1964 e 1966. Em julho
de 1953 foi superintendente do PVEA. [16] “(...) todos os meus auxiliares
serão nomeados entre elementos amazônicos” (in
ALTO MADEIRA. Artur Reis na Valorização
da Amazônia. Porto Velho, 23 de julho de 1953. Ano XXXVI, n. 4.309, p. 1).
Não poderia ser diferente, pois assim determinava a lei que regulamentava a lei
de criação da referida superintendência. [17] ALTO MADEIRA. Todos os esforços para o país redimir-se do
grande pecado de haver lançado a Amazônia ao abandono. Porto Velho, 30 de
julho de 1953. Ano XXXVI, n. 4.315, p. 1. [18] ALTO MADEIRA. Arthur Reis manifesta vivo interesse pelos
problemas guaporenses. Porto Velho, 6 de agosto de 1953. Ano XXXVI, n.
4.321, p. 1. [19] Id.,Ibd. [20] ALTO MADEIRA. Desde ontem no Guaporé o Superintendente da
Valorização Amazônica. Porto Velho, 19 de agosto de 1953. Ano XXXVI, n.
4.332, p. 1. [21] ALTO MADEIRA. Vamos executar o Plano de Emergência.
Porto Velho, 16 de janeiro de 1954. Ano XXXVI, n. 4.457, p. 1. [22] VARGAS, Getúlio. Haveremos de
ver a Amazônia não como o ‘Inferno Verde’, mas como uma célula criadora,
integrada em toda a plenitude dos seus inesgotáveis recursos na vida da Nação. Alto Madeira. Porto Velho, 24 de
janeiro de 1954. Ano XXXVI, n. 4.464, p. 1. [23] ALTO MADEIRA. Porto Velho, 3 de
abril de 1951. Ano XXXIII, n. 3727, p. 2. E também, ALTO MADEIRA. Região Sub-Desenvolvida. Porto Velho,
10 de julho de 1952. Ano XXXV, n. 3989, pp. 1-2. [24] ALTO MADEIRA. Criou Vargas a Comissão de Socorro à
Amazônia. Porto Velho, 7 de maio de 1953. Ano XXXVI, n. 4241, p. 1. [25] ALTO MADEIRA. Tem o Guaporé o Governo que merece –
Entrevista concedida pelo governador Enio Pinheiro. Porto Velho, 16 de
janeiro de 1954. Ano XXXVI, n. 4.457, p. 1. [26] ALTO MADEIRA. Grave ameaça pairava sobre toda a região
Amazônica. Porto Velho, 2 de agosto de 1952. Ano XXXV, N. 4009, p. 1. E [27] Nacionalismo que assumiu a
função ideológica de propiciar o soldamento do tecido social, evitando
antagonismos entre o proletariado e a burguesia, unificados diante do inimigo
externo. Exprime os confrontos da burguesia nacional tentando sua acomodação em
face ao capital estrangeiro. Portanto é um nacionalismo que expressa interesses
econômicos de uma camada da sociedade (IANNI, 1963). [28] O notório jornalista e
empresário brasileiro, dono dos “Diários Associados”, uma rede com 34 jornais (entre os quais o Alto Madeira), 2 revistas,
36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão e uma agência de notícias, foi
também eleito senador por duas vezes, demonstrando ser um representante típico
da burguesia nacional. Apesar das posturas pró-capital estrangeiro e de ser
partidário do imperialismo britânico e estadunidense como fica claro em vários
pronunciamentos, era amigo de Getúlio Vargas, a quem apoiara no movimento de
1930 (MORAIS, 1994). [29] Expressões extraídas do
exemplar: ALTO MADEIRA. Grandezas e
misérias no mundo amazônico. Porto Velho, 26 de fevereiro de 1950. Ano
XXII, n. 3507, p. 2. [30] ALTO MADEIRA. O Homem da Amazônia. Porto Velho, 4 de
julho de 1950. Ano XXII, n. 3563, p. 1. [31] ALTO MADEIRA. Depende a Amazônia da pecuária e
agricultura. Porto Velho, 14 de janeiro de 1954. Ano XXXVI, n. 4.455, p. 1. [32] Cristiano Machado tinha bases políticas em Minas Gerais, onde havia sido prefeito da capital, Belo Horizonte. Foi candidato pelo Partido Social Democrático, no entanto, seu próprio partido abandonou-o, preferindo apoiar Getúlio Vargas. [33] MACHADO, C. Este é o Estado e
esta é a região em que o homem brasileiro realizará o teste definitivo de sua
capacidade. Alto Madeira. Porto
Velho, 3 de Setembro de 1950. Nº 3605, pp. 2-4. [34] E. Lodi era um engenheiro de Minas Gerais que havia apoiado o levante armado de 1930, que conduziu Vargas ao poder. Foi nomeado por Vargas para integrar o Centro Industrial do Brasil. Também participou da Federação de Indústrias do Rio de Janeiro e exerceu ainda o cargo de primeiro presidente da Confederação Nacional da Indústria. Foi deputado federal por Minas Gerais pelo Partido Social Democrático (FGV, 2009). [35] ALTO MADEIRA. Advertência de Lodi: Perderemos a Amazônia
talvez em dez anos. Porto velho, 31 de Dezembro de 1950. Ano XXII, n. 3672,
p. 2. [36] ALTO MADEIRA. Todos os recursos aos serviços públicos
essenciais. Haverá dinheiro para a borracha, afirma Lafer. Porto Velho, 31
de julho de 1952. Ano XXXV, N. 4.097, p. 1. E também em: ALTO MADEIRA. Plano para aumentar a produção de borracha
será financiado em parte pela indústria. Porto Velho, 6 de março de 1951.
Ano XXXIII, n. 3.708, p. 1. [37] ALTO MADEIRA. Oswaldo Aranha atende as pretenções (sic)
do Conselho Consultivo do BCA. Porto Velho, 3 de julho de 1953. Ano XXXVI,
n. 4.291, p. 1. [38] ALTO MADEIRA. Criada uma fazenda experimental de gado
vacum as margens do rio Guaporé. Porto Velho, 4 de julho de 1953. Ano
XXXVI, n. 4.293, p. 1.; DÓRIA, F. Importante decreto. Alto Madeira. Porto Velho, 5 de julho de 1953. Ano XXXVI, n. 4.294,
p. 3 e ALTO MADEIRA. Nova era para a
Amazônia. Porto Velho, 4 de julho de 1953. Ano XXXVI, n. 4.293, p. 4. [39] ALTO MADEIRA. Reação dos seringalistas a uma decisão do
BCA. Porto Velho, 28 de outubro de 1953. Ano XXXVI, n. 4.391, p. 1.; ALTO
MADEIRA. Unânime o Conselho do BCA pelo
aumento do preço da hévea. Porto Velho, 27 de dezembro de 1953. Ano XXXVI,
n. 4.441, p. 1. ; ALTO MADEIRA. Mensagem
de Vargas ao Congresso pró aumento da borracha. Porto Velho, 14 de
fevereiro de 1954. Ano XXXVI, n. 4.482, p. 1.; ALTO MADEIRA. Solução satisfatória para o reajustamento
da borracha. Porto Velho, 26 de março de 1954. Ano XXXVI, n. 4.514, p. 1. ;
ALTO MADEIRA. Nas mãos de Artur Reis a
solução para o aumento da borracha. Porto Velho, 6 de abril de 1954. Ano
XXXVI, n. 4.524, p. 1. ; ALTO MADEIRA. Concedido
aumento do preço da borracha. Porto Velho, 14 de abril de 1954. Ano XXXVI,
n. 4.531, p. 1. |
||
CEI - UNIR Todos os Direitos Reservados. |
|||
|